Clínicas em Risco de Insolvência: Sinais e Como Agir

Gerir uma clínica, seja médica, dentária ou veterinária, exige não apenas conhecimentos técnicos e qualidade no serviço prestado, mas também uma gestão financeira e legal sólida

No entanto, em certos momentos, a realidade económica pode colocar em risco a continuidade do negócio. 
Entrar em situação de insolvência é um cenário que preocupa qualquer gestor, mas existem sinais de alerta que permitem agir antes de chegar a esse ponto.

Sinais de Alerta de Risco de Insolvência

  1. Atrasos sistemáticos no pagamento a fornecedores:
    Quando a clínica começa a acumular dívidas a laboratórios, distribuidores de material clínico ou empresas de equipamentos, é um primeiro indicador de desequilíbrio financeiro.

  2. Dificuldades em pagar salários:
    Se os vencimentos passam a ser pagos em atraso, ou dependem da entrada imediata de receita, significa que o fluxo de caixa está comprometido.

  3. Endividamento crescente junto da banca:
    O recurso constante a crédito ou a linhas de descoberto para fazer face a despesas correntes revela falta de liquidez estrutural.

  4. Processos de penhora ou ações judiciais de credores:
    Quando fornecedores ou instituições financeiras recorrem a vias judiciais para cobrar dívidas, a clínica já se encontra numa situação delicada.

  5. Quebra significativa de clientes ou faturação:
    Uma descida contínua no volume de consultas, tratamentos ou serviços prestados, sem plano de recuperação, pode tornar a operação insustentável.

  6. Impossibilidade de cumprir com a Autoridade Tributária e Segurança Social:
    Atrasos ou planos prestacionais falhados nestas entidades são sinais claros de incapacidade financeira e podem trazer sanções graves.


No entanto, uma clínica chegar perto da insolvência não significa obrigatoriamente fechar portas.
Antes de tomar uma decisão, importa analisar com clareza a situação nos seguintes pontos:

1. Existem vantagens de pedir insolvência (com ou sem plano de recuperação):

- Suspensão das ações de execução movidas pelos credores.

- Possibilidade de negociar um plano de insolvência ou processo especial de revitalização (PER), permitindo reestruturar dívidas.

- Proteção legal do gestor contra responsabilidades futuras, desde que atue de forma transparente.

- Encerramento ordenado do negócio, evitando agravar prejuízos e responsabilidades.

2. Quais os riscos de pedir insolvência:

- Perda de controlo da gestão, que passa para o administrador judicial.

- Encerramento definitivo da clínica, caso não haja viabilidade comprovada.

- Impacto na reputação profissional e no relacionamento com parceiros de negócio.

3. Vantagens de tentar evitar a insolvência:

- Manutenção da independência e da gestão da clínica.

- Possibilidade de renegociar diretamente com fornecedores, bancos e senhorios.

- Implementação de medidas de eficiência, como redução de custos, diversificação de serviços ou parcerias estratégicas.

4. Riscos de adiar a decisão:

- Agravamento da dívida e eventual responsabilização pessoal dos sócios/gerentes.

- Perda de confiança por parte dos credores, equipa e clientes.

- Chegar a uma situação em que já não é possível recorrer a mecanismos legais de recuperação.


Após uma análise profunda e consciente é necessário tomar uma decisão definitiva

A entrada em insolvência é uma decisão difícil, sobretudo para profissionais de saúde que dedicaram anos a construir a sua clínica. No entanto, ignorar os sinais de alerta ou adiar medidas corretivas pode tornar a situação irreversível.

É fundamental que o gestor ou sócio peça apoio especializado (jurídico, financeiro e contabilístico), avalie de forma objetiva a viabilidade do negócio, e considere soluções intermédias, como o PER (Processo Especial de Revitalização) ou a renegociação global das dívidas.

Mais do que encarar a insolvência como um “fracasso”, deve ser vista como uma ferramenta legal para reorganizar, recuperar ou encerrar de forma responsável uma clínica que já não é sustentável.


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